Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2023

As Visitações em Castelões de Cepeda (IX)

Imagem
No dia 5 de Julho de 1786, desloca-se a Castelões de Cepeda o Dr. José Barbosa de Albuquerque, desembargador da Mesa Episcopal. Do relatório respectivo citamos o seguinte: «Examinei ocularmente o tecto da igreja e seu coro, e tudo achei em grande necessidade de conserto, ou de se fazer de novo, pelo que mando, ou se conserte tudo em termos ou se faça de novo para o que, atendendo à pobreza da freguesia, lhe concedo o tempo de um ano; pena de que se não fazendo passado ele se proceder na forma de direito a que isso dará o R.do Pároco parte a juízo no termo de quinze dias.» Sobre a capela de S. José ficou escrito: «Fui informado que na Capela de S. José se pôs uma caixa para esmolas sem licença do R.do Pároco, nem querendo-lhe entregar a chave dela, obrando-se nestes termos contra a jurisdição paroquial, pelo que mando, que qualquer pessoa, que tiver a chave da dita caixa a entregue incontinente ao dito R.do Pároco a quem de direito pertence; e negando-lha o mesmo R.do Pároco proceda com...

As Visitações em Castelões de Cepeda (VIII)

Imagem
A 11 de Julho de 1769, a examinação pastoral a Castelões de Cepeda é feita pelo Dr. Alexandre José Vieira, abade de S. Miguel do Mato. Excluindo as determinações gerais dirigidas aos eclesiásticos, destacamos de particular os seguintes capítulos: «A custódia da igreja e vasos sagrados se guardem por pessoas não só de inteira confidência e puridade, mas que na reputação comum sejam tidas e havidas por legítimos Cristãos Velhos; cujas qualidades devem ter também os sacristães das igrejas e consentindo-se o contrário se lhe estranhará; como também que se repiquem os sinos aos visitadores das fábricas das comendas ou se lhes satisfaça nas igrejas as distinções de prelados, o que inteiramente se lhe proíbe debaixo de preceito grave.» Uma breve nota sobre esta última indicação: trata-se de uma ordem geral, repetida em várias visitações e extensível a todas as paróquias do bispado. O que daqui emana é que o bispo (ou a regulação canónica que tem de cumprir e fazer cumprir) não admite que seja...

As Visitações em Castelões de Cepeda (VII)

Imagem
No dia 12 de Setembro de 1752, a visita pastoral à paróquia de São Salvador de Castelões de Cepeda é feita pelo Dr. Manuel Carlos de Carvalho Vilas-Boas, protonotário apostólico. Os capítulos do relatório respectivo limitam-se a repetir as determinações anteriores, nomeadamente quanto à necessidade de se fazerem conferências da moral para sacerdotes, que as missas sejam à hora da constituição e que haja determinados cuidados no aluguer de casas a pessoas vindas de fora da freguesia. Dois anos depois, a 22 de Maio, o exame foi conduzido pelo Dr. Manuel Álvares Ferreira, protonotário apostólico e juiz sinodal desembargador da Mesa Episcopal. Do documento resultante se extrai o seguinte: «Depois de reverenciar profundamente o santíssimo sacramento examinei a decência do sacrário, santos óleos, Pia Baptismal, Altares, Pedras de Ara, imagens, cálices e ornamentos à mesma igreja pertencentes o que tudo se acha sem necessidade de reforma pelo conhecido zelo e cuidado do R.do Pár.º excepto por...

As Visitações em Castelões de Cepeda (VI)

Imagem
No dia 11 de Maio de 1733, desloca-se a Castelões de Cepeda o visitador Pedro do Paço, Comissário do Santo Ofício e abade de Santo André de Várzea. E como, segundo o relatório respectivo, nada havia que prover naquela igreja, foi a mesma encerrada sem se extrair do documento qualquer indicação de relevo. O mesmo se pode dizer da visita de 26 de Setembro de 1734, dirigida pelo Dr. João de Faria e Gouveia, abade de Vermoim. Em Junho de 1736, o emissário é o Dr. Bento Lopes de Carvalho, abade de S. Tomé de Covelas. Nos primeiros pontos do relatório, o visitador recomenda ao abade que «não receba noivos alguns sem primeiro os examinar na doutrina cristã (…)». Mais adiante, refere o seguinte: «Mando que as obras da Capela de N.ª Sr.ª da Guia se concluam até fim deste mês, e os que deverem as esmolas para esta obra pagarão dentro em seis dias cada um o que restar (…)». Dois anos depois, a visita é feita pelo Dr. Domingos Ribeiro, protonotário apostólico. O delegado volta a ocupar-se da falta...

As Visitações em Castelões de Cepeda (V)

Imagem
No dia 12 de Outubro de 1711, a paróquia de São Salvador de Castelões de Cepeda é visitada pastoralmente pelo Dr. Francisco Xavier Delgado, abade de S. Pedro de Gondalães. Depois de visitar a igreja, altares, demais dependências, tudo encontrando com decência, e depois de recomendar o cumprimento das visitações passadas, o emissário episcopal deixou recomendações aos eclesiásticos sobre o modo de vestir. Nada mais há de particular a extrair deste relatório. No ano seguinte, a 24 de Setembro, o visitador foi António da Costa Falcão, beneficiário reservatário da paróquia de S. Cipriano de Paços de Brandão e abade da Sé do Porto. O relatório repete, no essencial, o conteúdo da visita anterior. No mesmo dia de 1713, a visita é conduzida por Domingos Ribeiro Nunes, cónego prebendado na Sé do Porto. No documento ficaram apenas recomendações gerais e dirigidas a sacerdotes. Tal como os anteriores, o manuscrito da visita de 4 de Outubro de 1714, feita pelo Dr. Dinis da Silva e Faria, cónego da...

As Visitações em Castelões de Cepeda (IV)

Imagem
Prosseguimos com o relatório de visitação de Castelões de Cepeda datado de Maio de 1709 e que tem sido, como temos visto, bastante profícuo em informações históricas. As reprimendas aos eclesiásticos são bastante comuns nestes documentos, sobretudo aos minoristas, acusados de desleixos vários. Neste manuscrito, o visitador determina que não se dêem esmolas ao clérigo da freguesia que não assista na íntegra aos ofícios de defuntos, que são, nestes relatórios, particularmente visados. Na sequência dessa nota, o emissário diz também que se lhe constara «que esta igreja ficava muitas vezes com as portas desfechadas e que a ela se tinham feito muitos furtos por causa de alguns clérigos irem dizer missa a ela e não fecharem as portas e também muitos seculares ao abrirem e as não tornarem a fechar». Assim, a autoridade mandava «que nenhuma pessoa desta freguesia assim secular como eclesiástica deixe as portas desfechadas e sendo clérigo assim como a acabar de dizer missa em sua presença as ma...

Paredes e o 9 de Abril (1918)

Imagem
Excertos do livro «Paredenses na Grande Guerra: 1914-1918», de Ivo Rafael Silva (CEI-ISCAP/CM Paredes, 2017, p.205 e ss.): Ilustração Portuguesa O CEP [Corpo Expedicionário Português] era, nesta altura, um corpo extremamente frágil, desfalcado, cansado, insatisfeito, mesmo revoltado, já com a perspectiva no horizonte próximo de ver chegado o alívio da rendição. Ora, «é esta força que vai receber o primeiro ímpeto de 4 divisões frescas (6 com as duas em apoio), encabeçado por tropas de assalto especializadas e precedida por um dos mais intensos bombardeamentos da guerra» (idem:383). Às primeiras horas da madrugada, contando com a cobertura de um denso nevoeiro, pouco depois agravado pelo não menos espesso fumo dos rebentamentos, o exército alemão avança impiedosamente e quase de forma invisível sobre o sector defendido pelas tropas portuguesas. A barragem fortíssima de artilharia corta comunicações, impede o reabastecimento de munições – algumas já se encontravam encaixotadas dado estar...

As Visitações em Castelões de Cepeda (III)

Imagem
Outro costume muito antigo da paróquia de Castelões de Cepeda, e descrito com pormenor no relatório de visitação de Maio de 1709, era o bodo aos pobres. Eis os respectivos termos: «Também me constou ser costume antiquíssimo nesta freguesia que todas as pessoas dela que tivessem propriedades de se pagarem aos pobres desta freguesia em cada um ano umas esmolas a que lhe chamam Bodos em a Dominga Quarta da Quaresma, e no da Pascoela à porta do Adro desta igreja, e que de cada fazenda em a dita Dominga Quarta mandasse o possuidor dela uma broa, vinho, peixe ou sardinhas e no dito Domingo da Pascoela mandassem os sobreditos e em lugar de peixe carne os quais Bodos o Procurador desta Igreja os repartisse aos pobres desta freguesia e assim consta dos estatutos da confraria geral no capítulo trinta e seis, e que o dito Procurador desta igreja fizesse rol de cada Dominga dos que faltarem a tão pia e saudável devoção; e que pagasse cada negligente quinhentos réis por cada Bodo a que faltasse que...