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A mostrar mensagens de maio, 2023

As Visitações em Gondalães (VII)

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No primeiro de Julho de 1790, o emissário enviado à paróquia de S. Pedro de Gondalães foi o Dr. Manuel Lopes Loureiro, abade de São João de Grilo. Importa destacar do documento os dois parágrafos que se seguem: «Satisfaçam-se as obras preceituadas nas visitas do ano de 1780, e 83, no que terá todo o cuidado o reverendo Pároco: ponha-se uma fechadura na pia baptismal, e consertem-se as grades, que a cercam. O vaso de levar o sagrado viático doure-se por dentro, e também se doure a chave do sacrário.» «Reformem-se as paredes arruinadas da residência e tapamentos, fazendo-se o mais, que na mesma se faz necessário para que de todo se não arruíne: para isto não determino tempo ao Reverendo Pároco porque espero do seu cuidado trate desta obra com o zelo, que deve, e se espera da sua religião.» Igreja Paroquial de Gondalães na actualidade O Dr. Manuel de Sousa e Silva, abade reservatário de Nevogilde, voltou para visitação no dia 13 de Junho de 1794. Em relatório, deixou expresso o seguinte: ...

As Visitações em Gondalães (VI)

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No da 19 de Novembro de 1772, o visitador a marcar presença em Gondalães foi o abade de Nevogilde, Dr. Manuel de Sousa da Silva. Os capítulos que tratam de questões locais são os seguintes: «Vi que o tecto da igreja se acha arruinado em várias partes, o soalho dos taburnos incapaz de por eles se andar, corpo da igreja nas paredes já com fendas, e ameaçando ruína, pelo que mando aos fregueses a quem pertence a reedificação cuidem nela brevemente para evitarem maior prejuízo para o futuro; e para que não passe a esquecimento no termo de um ano farão as obras [sob] pena de seis mil réis aplicados para a mesma obra.» «Fui informado, que nesta igreja há jubileus anuais, em que concorre muito povo para se confessar e por serem muitos os Confessores não há confessionários para todos com os requisitos do capítulo da visitação passada: pelo que faculto aos Reverendos Padres, que possam usar de confessionários portáteis nos dias dos referidos jubileus; e nesta forma hei por declarado o capítulo ...

As Primeiras Escolas de Recarei

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No século XIX, muito antes da existência de edifícios próprios para o ensino, as escolas da freguesia funcionavam em casas – ou anexos de casas – particulares, cujo aluguer era pago pela Junta de Paróquia. Vamos, aqui, ocupar-nos desses locais e de o que sabemos acerca dos respectivos professores. Como mencionado na monografia «Villa Recaredi» (2008, p. 140), a mais antiga referência a uma escola na localidade reporta ao ano de 1844, altura em que Recarei era ainda lugar da Sobreira. A existência deste estabelecimento coincide com importantes reformas educativas de Costa Cabral, que inclusivamente fixavam penalizações para os pais que «descurassem a educação literária dos seus filhos». Na época, registe-se, só 13% das crianças em idade escolar frequentava o ensino (Pimenta, 2006). O tipo ministrado em Recarei era de carácter «simultâneo», ou seja, leccionado a ambos os sexos (mas não «misto»), e esta era apenas uma das quatro escolas que existiam, à época, em todo o concelho de Paredes...

As Visitações em Gondalães (V)

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O Dr. João Ramos foi o encarregado episcopal da incursão a Gondalães realizada a 15 de Julho de 1744. Além de observações gerais, extraímos os seguintes parágrafos relativos a aspectos particulares: «Achei quebrado o sino desta igreja e como seja coisa precisa e não haja outro mando que os fregueses desta freguesia no termo de dois meses ponham outro sino pena de seis mil réis para Sé e Meirinho.» «Como para se administrar o Santíssimo Sacramento aos enfermos pode suceder não haver comodidade para ser levado com pálio tanto por razão dos caminhos como pela ocasião dos tempos, e para que seja levado com a decência e pompa possível mando se faça uma umbrela por modo de guarda-sol de pano oleado por cima e forrado por baixo de seda branca em forma que uma pessoa o possa levar cobrindo ao Sacerdote o que se fará à custa da confraria do mesmo Santíssimo Sacramento ou da pessoa por cuja conta corre a obrigação do pálio e paramentos necessários para as tais funções.» «Mando outrossim que os c...

As Visitações em Gondalães (IV)

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Em Agosto de 1719, a tarefa de visitação coube ao Dr. Jacinto Leal de Sousa, comissário do Santo Ofício, reitor de Canedo e suas anexas. O emissário do bispo deixou no manuscrito a seguinte determinação: «Por estarem as portas principais da igreja muito velhas com pouca segurança, e dever-se toda a cautela onde está o Santíssimo Sacramento e por assim me ser requerido pelo mesmo juiz do Subsino, mando que em termo de quatro meses mandem os fregueses fazer portas novas fortes, e com chave bem segura sob pena de dois mil réis para o que dobrarão uma, ou duas vezes o anual da confraria conforme o custo que fizerem, e sob pena de cinco tostões, que no dito termo comprem uns couros, que cubram os altares colaterais para limpeza das toalhas, pois é razão que onde se celebra o santo sacrifício da missa esteja com toda a decência, limpeza, e asseio; convém a saber para o altar do Santo Nome os mandarão pôr os oficiais da mesma confraria, e para o da Senhora o juiz da dita devoção das esmolas, ...

As Visitações em Gondalães (III)

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No dia 23 de Setembro de 1702, a paróquia de S. Pedro de Gondalães é visitada pastoralmente pelo Dr. João da Fonseca, comissário do Santo Ofício, examinador sinodal e abade de S. Martinho do Campo. Depois dos termos habituais e de uma prerrogativa já por nós encontrada anteriormente a respeito de práticas de pesca por envenenamento de peixes, o relatório expressa também o seguinte: «Os fregueses têm satisfeito com a porta travessa de novo, e também me constou tinham dado o conserto do forro ao oficial para a fazer e que este lhe não tinha dado cumprimento por doenças que lhe sobrevieram em sua casa, à vista do que tanto pelo que falta ser pouco, como pelas ditas causas da doença não procedo a execução da pena, e mando aos ditos fregueses satisfaçam, ou façam satisfazer a dita obra, em termo de um mês com pena de quatro mil réis e de se lhe levar além desta a pena pro rata assim na visitação passada, e no caso que algum dos fregueses seja rebelde em concorrer conforme suas possibilidade...

As Visitações em Gondalães (II)

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Ao visitar, uma vez mais, a paróquia de S. Pedro de Gondalães, no dia 14 de Maio de 1690, o emissário Gaspar Harnão Pacheco deixou como determinação particular o seguinte capítulo: «Por me constar por vista de olhos que as portas travessas estão em estado que com estarem assim fica a igreja com pouca segurança pelo que os fregueses as mandarão fazer de novo, ou consertar de modo que fiquem capazes para a guarda da igreja o que farão dentro em um mês sob pena de mil réis para sé e meirinho.» A 7 de Junho de 1693, o Dr. João de Almeida Ribeiro, protonotário e desembargador, realizou nova examinação pastoral, deixando de particular em relatório os seguintes capítulos: «Os fregueses em termo de um mês com pena de dez tostões para sé e meirinho mandarão fazer uma opa branca para o Juiz quando pegar na cruz e não pegará nela sem a dita opa para procissão, ou função alguma da igreja com pena de duzentos réis por cada vez e dentro de dois meses farão estatutos novos da Confraria do Subsino que...

As Visitações em Gondalães

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O Livro das Visitações de S. Pedro de Gondalães (BSMP, Man. 80) tem como primeiro documento o relatório de visita de 1674. O mau estado de conservação das suas folhas obstaculiza a leitura e reprodução do seu teor. De o que é possível retirar, fica a informação de que a examinação canónica fora feita a 22 de Setembro e que fora dirigida pelo reverendo Pedro Pinto Cabral. Em seguida, encontra-se a visita de 24 de Outubro de 1675, feita pelo padre João Pereira da Silva, abade de Santa Marinha de Retorta. O início do documento, nas suas partes legíveis, consta de indicações gerais dirigidas sobretudo aos eclesiásticos. De informações particulares, extraímos o seguinte: «Os fregueses não deram satisfação ao capítulo de visitação passada em que se lhe mandava reformar o Painel do Arco e porque me constou esta falta fora por negligência do juiz e mordomos os condeno na pena de quinhentos réis que lhe foi cominada para sé e meirinho a qual dentro em cinco dias virão entregar a escrivão da vi...

Humberto Delgado em Paredes: As Eleições de 1958

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Terá sido o militar Henrique Galvão, na altura já detido por conspirar contra o regime e, mais tarde, protagonista do célebre episódio do paquete «Santa Maria», a colocar ao general Humberto da Silva Delgado a hipótese da candidatura deste à presidência da República como «melhor método para depor Salazar». O ainda putativo candidato, não obstante ter participado activamente no golpe de 28 de Maio de 1926 – que ele considerara entretanto ter sido «falseado» – e ter exercido vários cargos diplomáticos com a chancela do Poder, havia recusado aderir à União Nacional e dado mostras de oposição ao carácter opressivo da ditadura. Acrescia ainda, ao seu estado de espírito contestatário, uma certa revolta contra agravos e desmerecimentos particulares de que fora alvo durante a sua carreira. No início de um dos capítulos do seu livro de memórias, o general da Força Aérea faz uma radiografia concisa, mas objectiva, do país: «De alto a baixo, Portugal é um país de pobres, que pede pão, ou trabalho...