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A mostrar mensagens de junho, 2023

O Encerramento das Minas de Lousa de Valongo: Uma Tragédia Social em Recarei em 1939

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Na segunda metade do século XIX, mais concretamente por volta de 1865, uma sociedade de investidores britânicos decide apostar na extracção de metais, minerais e na exploração de lajes e ardósias do solo e subsolo do concelho de Valongo. É fundada a empresa «The Vallongo Slate & Marble Quarries Company, Limited», com sede em Londres e zona de extracção industrial sobretudo no concelho valonguense, mas também em Penafiel (Serra da Boneca). A exportação para Inglaterra e Estados Unidos tinha peso maioritário no volume de negócios, tendo o sector sido gravemente afectado pelas consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Porém, seriam os efeitos do crash bolsista de 1929 a significar o fim da presença inglesa na exploração lousífera da região. Em 1930, o activo e passivo da companhia seriam adquiridos pela recém-criada Empresa das Lousas de Valongo (ELV), que, apesar das várias vicissitudes e alterações de proprietário, se manteve em actividade durante décadas, subsistindo ...

Amas de Criação do Concelho de Paredes (1836-1846) - III

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1844/1845 - Livro n.º 259 (ADP) Albina da Silva , mulher de Tomás Moreira, jornaleiro, residente no lugar de Casais, Gandra. Tinha 30 anos de idade, estatura regular, sobrancelhas castanhas, olhos castanhos, cor trigueira, rosto sobre o comprido, cabelo castanho, nariz e boca regulares. Recebeu Joaquim a 19 de Setembro de 1844, com toda a probabilidade o mesmo exposto que tinha adoptado em 1842 e que regressara à administração da Roda do Porto. A 30 de Janeiro de 1849, é dada «baixa de criação», ficando o menino com a ama. No entanto, a 13 de Fevereiro seguinte, segundo nota no assento, a criança é resgatada «com a dívida de 26000 pela quantia de 8660 por convenção» com Albina. Ao que tudo indica, a ama terá ficado com a criança, acordando, com a administração da Roda, o perdão de dois terços do valor que lhe deviam do vencimento de criação. Alexandra Pacheco , mulher de Luís Moreira, jornaleiro, residente no lugar de Penedos, Bitarães. Tinha 49 anos, estatura regular, sobrancelhas pre...

Amas de Criação do Concelho de Paredes (1836-1846) - II

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1841 - Livro n.º 254 (ADP) Albina da Silva , mulher de Tomás Moreira, jornaleiro, residente no lugar de Casais, Gandra. Recebeu Camilo a 19 de Julho de 1841, que, em 28 de Janeiro de 1843, seria incorporado na administração da Roda de Penafiel, ficando, todavia, «em poder da mesma ama». Ana de Sousa , viúva, residente no lugar da Várzea, freguesia de Cete. Recebeu Maria a 16 de Julho de 1841, que faleceu sete dias depois. Ana Rita , mulher de António Jorge Neto, residente no lugar da Aguieira, Gondalães. Recebeu Joaquim a 21 de Agosto de 1841, que faleceu a 25 de Outubro seguinte. Cinco dias depois, a ama acolheria outro menino da Roda do Porto e a quem foi dado o nome de Elesbão. A 15 de Dezembro do mesmo ano, Ana Rita falece «repentinamente» e a criança é devolvida à procedência. Joaquina Barbosa , mulher de António Pacheco, jornaleiro, residente no lugar da Carreira, Gondalães. Recebeu Eugénia a 9 de Dezembro de 1841. A partir de 8 de Abril de 1843, a criança ficaria em definitivo e...

Amas de Criação do Concelho de Paredes (1836-1846)

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A chamada Roda dos Expostos , ou dos Enjeitados , consistia numa plataforma giratória feita de madeira ou metal, embutida na parede de conventos, misericórdias ou asilos, onde as mães depositavam, pela calada da noite ou madrugada, filhos recém-nascidos que não podiam criar ou assumir. Embora tais abandonos ocorressem também noutros locais, como à porta de casas particulares ou igrejas, ao longo dos séculos XVIII e XIX, o crescimento exponencial do recurso à Roda conduziu ao drama da verificada sobrelotação dos espaços de acolhimento e incapacidade de dar resposta a tantas solicitações. Para atenuar o problema, houve que recorrer ao acolhimento remunerado, através das chamadas amas de criação – divididas entre as designadas de leite (que amamentavam) ou de seco (após o período de aleitamento, geralmente depois do primeiro ano) –, ou ditas de fora , em referência ao facto de serem externas à instituição. A coberto da escuridão nocturna, entre soluços e gemidos contidos, era nas «roda...

José Guilherme e a Administração em Paredes: As «Sombras»

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Em 2021, a passagem do bicentenário do nascimento de José Guilherme Pacheco potenciou a sua rememoração histórica e biográfica. Como é regra neste tipo de eventos, as comemorações e/ou celebrações encerraram-se em si mesmas, não se aproveitando a ocasião para uma reanálise histórica rigorosa da biografia do visado. Foi por isso sem causar surpresa que superabundaram textos panegíricos e essencialmente celebrativos, ainda que da autoria de académicos da área da História, concebidos de princípio a fim para secundar e reafirmar qualidades e méritos, sendo uns reais e outros, dizemos nós, imaginários. Portanto, o resultado foi o de sempre: a reafirmação furtiva de uma imagem impoluta de José Guilherme, de «regência absoluta» local, despida de roupagens negativas, de oposições e/ou contestação. Na recente reedição fac-similada da Monografia de Paredes, um texto introdutório refere-se à «alma» de Guilherme como repousando no mausoléu ainda «cheia de luz e bondade». Sucede, porém, que, como é...